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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Janelas em cena

Um passeio pelas ruas da cidade onde podemos encontrar infinitos tipos de janelas que representam esse cenário em bairros de classe média, bairros de classe alta, periferias... Sem precisar ver a imagem completa da casa, do apartamento ou do prédio, já podemos perceber, apenas pela “fisionomia” da janela, em qual classe ela se encaixa, ou que tipo de pessoas mora ali.








  


   







 




                                         Fotos tiradas por: Beatriz Fontana Sperandio

Este foi um trabalho de fotodocumentarismo produzido para a disciplina de fotografia, onde procurei mostrar as diferenças que podemos observar entre as classes sociais que se espalha pela cidade. Foi um projeto inspirado no trabalho do fotógrafo Hélvio Romero, que intitulou suas fotos de "Janelas Paulistanas".

Quando o Sol Bater na Janela do Teu Quarto

Quando o sol bater
Na janela do teu quarto,
Lembra e vê
Que o caminho é um só,

Porque esperar
Se podemos começar
Tudo de novo?
Agora mesmo.

A humanidade é desumana
Mas ainda temos chance,
O sol nasce pra todos,
Só não sabe quem não quer.

Até bem pouco tempo atrás,
Poderíamos mudar o mundo,
Quem roubou nossa coragem?
Tudo é dor,
E toda dor vem do desejo,
De não sentimos dor.
(Renato Russo)

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.

Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(Cecília Meireles)